(Análise) Paramore - Paramore
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Com data de
lançamento para o dia 9 de abril, porém vazado na internet ainda na segunda
metade de março, Paramore é o 4º álbum da banda comandada por Hayley Williams.
Os rumores
do novo álbum começaram em 2012 com a escolha do produtor do disco (Medal Johnsen
foi o nome) ele acabou vazando algumas informações sobre o que seria essa nova
produção, disse que soaria muito mais anos 80 do que 2012, com mais efeito
computadorizados, além de afirmar que o grupo faria algo mais profundo, mais
experimental.
Depois da
saída dos irmãos Zac e Josh Farro a banda contou com novos integrantes, um deles o guitarrista
Jon Howard (ex-Stellar Kart) que assumiu os
teclados, backing vocal e guitarra, porém não participou das gravações do novo
álbum, além do baterista Ilan Rubin ( ex-NineInchNails, Angels&Airwaves e Lostprophets) que foi anunciado no twitter oficial da banda. Todos esses
acréscimos já iam desenhando o que seria “PARAMORE” depois de 4 anos sem nenhum
material novo.
Se
aproximando do lançamento, a banda disponibilizou prévias e depois o álbum
completo em stream no próprio site.
A primeira
faixa, Fast In My Car começa com muitos efeitos de teclado, sintetizadores e
uma linha de baterias bem trabalhada com um ritmo dançante, com o andamento da
música são adicionadas mais guitarras e efeitos de baixo. Foi uma das faixas
que evidenciou bem a proposta do produtor Medal Johnsen.
Now, que foi
o single da nova fase também incorpora a nova proposta, segue uma linha forte
de vocais que já se viam nos outros trabalhos da banda, porém com mais efeitos,
inclusive uma pegada bem forte de guitarra nos refrões, riffs de baixo por toda
a músicae ritmos mais trabalhados no decorrer. Agradou muitos fãs com um grande
clipe e parte da letra foi o slogan da banda para o álbum: "If there is a future, we want it
Now".
Grow Up, mais um arranjo carregado com o excelente baixo de Jeremy Davis e guitarras incríveis, tudo sob muitos teclados, de pads tradicionais a
riffs de sinths, é uma das baladas pop do álbum, mais calma e com algumas
modulações de voz. Alguns momentos de
instrumental chegam a lembrar a banda francesa Phoenix.
Day Dreaming,
mesmo seguindo com muitos efeitos lembra o antigo Paramore, linhas de batera
que lembram 30 Seconds To Mars em Kings and Queens, se tornou quase um hino dos
fãs, recebeu muitos elogios nas redes sociais. É responsável por encerrar a
primeira parte do álbum que é dividido por 4 interlúdios. Próxima faixa é
Moving On, ukelele e acústica, lembra Jason Marz, um bumbo e um ukelele ao som
voz de Hayley.
Ain’t It
Fun, o peso da canção dado quase todo pelo baixo e com teclados que remetem
totalmente aos clássicos dos anos 80, órgãos e sinths, ritmo dance e nada muito
rock, sem muita guitarra, apenas modulações mais agudas para dar base e alguns
riffs característicos do estilo, sem contar os efeitos eletrônicos distribuídos
pela música toda. Do meio para o fim da faixa, um coral de vozes canta com
Hayley e dá um grande “Up” na canção, seguidas pelos vocais, palmas criam um
clima de culto de domingo na canção que sofre uma progressão comandada pela bateria
e encerra com o vocal de Hayley cantando sob a base de vocais do coral, porém aí
a canção termina com um fade-out (a música tem seu volume diminuído até desaparecer
por completo),o que deixa o ouvinte meio perdido.
Part II,
tendência das bandas intitularem canções por partes, mas é com certeza uma
espécie de continuação de Let The Flames Begin ou até uma parte II dela,
percebe-se isso tanto na letra como no instrumental, quem assistiu a
apresentação da banda no festival SXSW pode ver um pouco do som da música na
própria Let The Flames Begin seguida de Oh Father que teve um final semelhante
ao final de Part II na versão do álbum. Ao vivo deve ser quase um clima de
worship que se ouve em álbuns de bandas cristãs contemporâneas, quem não
conhece o estilo e ouvir bandas do seguimento vai perceber as semelhanças.
Last Hope é
uma espécie de hino, uma progressão instrumental de guitarra e baixo guiada
pela voz de Hayley e sustentada em rufos de caixa na bateria, que ao crescer e
explodir segue com um ritmo dance cadenciado e riffs de guitarra, além de:
“aaaahs” e “uuuuuhs” no vocal.
Still Into You
foi apresentada no festival SXSW (que foi uma das primeiras apresentações após
a gravação do novo álbum) soa como uma declaração apaixonada, no estilo de
letra de The Only Exception, porém com um ritmo muito pop e computadorizado,
alguns momentos lembram sons de brinquedos e um vocal com tom divertido. A
canção é seguida mais uma vez de muitos sinths, que servem de base e em um
momento de pré-refrão criam um loop de entrada para o refrão, outro ponto
marcante na música é o riff da guitarra e a parada instrumental que testa a voz
da vocalista em uma subida que, executada ao vivo, arrancou muitos gritos da
plateia, sem contar o final que termina inesperadamente e muito bem.
Anklebiters
começa com microfonia de guitarras e um ritmo hardcore na bateria que recebe um
som de lira e uma guitarra pesada, é uma canção rápida e com muitos vocais, sem
contar uns ataques de back vocal, guitarra, bateria e teclado que acompanham a
voz principal, o estilo de teclado usado na música compara a Owl City, mas com
o andar ela vai ficando mais densa e termina com palmas e conversas.
Holiday,
mais um interlúdio acústico com baixo e ukelele que antecede Proof. Proof
começa com um riff de guitarra bem pesado acompanhado de uma bateria muito bem
trabalhada com tons, surdo e caixa, guitarras pesadas e tem seu refrão mais pop
e dance, dessa vez sem muito uso de teclados, prioridade para guitarra, baixo e
bateria que compõem um arranjo mais orgânico do álbum, com riff de baixo no
final da canção e apenas um pouco de efeito na voz e baixo.
Hate To See
Your Break Heart, mais uma balada calma do disco com uma letra intimista e mais
acústica, alguns cellos e violinos dão um peso maior ao arranjo. Sem dúvida uma
das grandes letras do álbum, ela serve de combustível para uma progressão
instrumental mais no final sustentada pelos cellos e ataques suaves de violino
que ao chegar ao fim voltam ao ritmo inicial e solos de guitarra quase
acústico, porém quem rouba a cena ainda são os violinos. Um arranjo acústico, simples
e tão bem executado que chamou atenção.
(One Of Those)
Crazy Girls no início lembra um pouco um som havaiano/californiano que recebe
mais teclados, bateria e vocais no estilo dos rocks mais antigos. Nesse
andamento a música muda quase que completamente e acaba dividida em basicamente
3 partes, uma delas calma, outra mais dançante guiada por um ritmo de caixa na
bateria e uma mais trabalhada com tons, percurssão e o solo de guitarra. O som
termina com o ritmo que começa, cheio de “aaah’s” por Hayley.
I’m Not Angry
Anymore, o interlúdio responsável por finalizar a obra, nada muda em relação ao
outros, mas acompanhada dela vem Be Alone, uma faixa pesada que lembra muito o
Paramore de “Ignorance”, mas com menos peso de guitarras e mais teclados.
Future, a
última do álbum, começa com um microfone externo com conversas e um violão,
parece uma faixa gravada interrupta com todos da banda juntos, tem uma letra
forte que deixa clara a visão da banda para todo esse projeto, teclado, riffs
de guitarra e estalos de dedo, modulações de voz e instrumentos que fazem o
ouvinte viajar, então depois de 3min de faixa entra um instrumental pesado e
denso que ainda remete a Oh Father, parece até o mesmo, solo agressivo ao
estilo Decode e bateria pesada e pausada que formam um ritmo ainda mais forte,
um música divida em duas partes e quase um interlúdio de encerramento, algo que
termina o álbum mas mostra que algo novo está começando, que PARAMORE não
termina ali, mas sim começa, ela é uma faixa que faz o público parar e sentir o
que o álbum representa, o novo álbum não seria nada sem essa pausa que faz a
pessoa olhar para tudo que acabou de ouvir e ver isso tudo com outros olhos.
Mesmo com
uma faixa de encerramento ótima a própria canção termina com um efeito de
fade-out que se vê em outras faixas do álbum, algo que tira um pouco do brilho
da composição.
Paramore é
um grande álbum, mas a fase mais pop/eletrônica ainda incomoda muitas fãs,
muito do peso que se ouviu em Brand New Eyes e até em Riot! e no DVD The Final Riot!
não se fez presente no novo projeto, a banda priorizou os arranjos e criou
instrumentais bem complexos, trabalhados e modulados, o que mostra uma grande
evolução musical e técnica dos integrantes, sem contar a voz de Hayley Williams
que foi testada e abusada em muitas das canções, cada música conta com no
mínimo 3 vocais dela mesma, vai ser um desafio trazer toda essa produção para
os palcos, mesmo com a nova turnê, não acredito que o show contará com muitas
faixas ou a maioria delas do novo disco, exemplo foi Now ao vivo que perdeu
muito se comparada a versão do cd, vocais gravados como trilha e muitos efeitos
também utilizados em loops. Uma das novas que se saiu bem foi Still Into You, o
que provavelmente veremos serão faixas com mais cara de Paramore mescladas a
essas mesmas já executadas ao vivo, quem sabe alguma surpresas.
O Paramore
produziu um disco maduro e bem trabalhado, com algumas falhas e talvez errou em
ter fragmentado tanto com 4 interlúdios, mas soube dividir bem as músicas entre
eles, como se fossem 4 álbuns diferentes, com músicas rápidas, calmas e uma
dançante em cada uma das partes. Um momento de transição que ainda não foi bem
definido, mas que já mostra a cara nova da banda e do som que o Paramore fará
daqui para frente.
Por Afonso de Lima
O que você achou disso?